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Artists: Martha Gofre, Túlio Pinto and Ío

Tohu Wa-Bohu
June 6 – July 11, 2014
Bolsa de Arte
SP / RS Brazil

Tohu wa-Bohu, surge de um termo hebraico que se refere, no Gênesis,  ao universo antes da criação. De difícil tradução, o espectro de sua interpretação ocupa desde a ideia de ruína até a de uma dimensão de infinita potência que nos permite aproximações com o Tao, por ser algo que não se pode expressar; e o Big Bang, por ser um paradoxal não-tempo que antecede o instante zero.

A exposição Tohu wa Bohu, por sua natureza diversa, cria um ecossistema em que a produção plástica dos artistas Martha Gofre, Túlio Pinto e Ío coabita em simbiose, ao mesmo tempo em que ressalta as especificidades e as volições particulares. Há um denominador comum, um ponto de intersecção que une as obras e são os fundamentos da exposição Tohu Wa Bohu: a pulsão escultórica, que funciona como motor para cada artista explorar a maneira como forças invisíveis, de natureza física e cultural, transformam a matéria; e a compreensão desta através do tempo. Cada artista articula esse universo, através de sua obra, de formas distintas. A produção de Túlio Pinto gira em torno do conceito de efemeridade e transformação exploradas a partir das características próprias dos materiais trabalhados. A Ío manipula a matéria como fonte para exercícios mnemônicos onde signos tem seu significado de origem obliterado e são substituídos por redes de relações formais e culturais abertas. Martha Gofre repensa o que seja limite, não só através dos objetos e materiais – nas associações feitas, mas também pela insistência dos gestos, resistência e falha. A exposição busca ressaltar os diálogos, as semelhanças, os encaixes e as possibilidades de recombinação das obras. Cada peça proposta ecoa e se reflete em outras obras da exposição. Estas interconexões ocorrem de maneiras distintas em todos os trabalhos, sendo esses alguns dos caminhos e leituras possíveis que expõem os liames conceituais e formais que formam as redes rizomáticas que as obras estabelecem através de si e do espaço expositivo. Além disto, há uma outra instância que entrelaça as obras para esta exposição, que é o exercício de tornar verbo uma das faces da infinita polissemia de Tohu wa-Bohu – suas forças constituintes e as leis que as regem – estabelecendo consonâncias fenomenológicas ou manipulando imagens mentais como objetos culturais em uma gramática em constante constituição e esquecimento. Esta natureza especulativa se reflete na disposição em que as obras se manifestam, sem limitar-se às formas tridimensionais: fotos, textos, vídeos e esculturas que se mantém, tanto, em uma tensão estática em meio a um acontecimento, quanto, em um aglutinador de diversas temporalidades. Tohu wa-Bohu é um exercício de reflexão e experimentação da aura, da fáscia ou tecido conjuntivo que recobre as propriedades que ordenam e desestruturam o cosmos que nos cerca.